Os aquíferos desempenham um papel crucial na segurança hídrica global, já que representam cerca de 97% de toda a água doce em estado líquido disponível no planeta, caracterizando o maior reservatório de água potável da Terra.

Desde os anos 1960, o avanço da urbanização e o aumento das atividades humanas têm intensificado a contaminação de aquíferos e comprometido a qualidade das águas subterrâneas. Para assegurar o uso sustentável desse recurso natural, é crucial um planejamento rigoroso que previna atividades de risco próximas aos poços de captação de água, como lançamentos de esgotos e acúmulo de resíduos sólidos.

Poço de Monitoramento de Aquíferos: O que são e qual sua relevância?

Poços de monitoramento são estruturas construídas especificamente para a coleta periódica de amostras de água subterrânea, permitindo análises regulares conforme normas estabelecidas. Esses poços são fundamentais para avaliar e monitorar a qualidade da água subterrânea através de análises químicas, físico-químicas e biológicas das amostras coletadas.

Localização Estratégica: Geralmente estão situados próximos a áreas de disposição de resíduos, como aterros sanitários, lixões e estações de tratamento, para monitorar possíveis fontes de contaminação.

Principais funções de poços de monitoramento:

• Identificar poluentes e suas plumas de contaminação.
• Realizar diagnósticos detalhados da qualidade da água subterrânea na área investigada.
• Medir cargas hidráulicas e realizar ensaios hidráulicos.

A pluma de contaminação descreve a dispersão de poluentes dissolvidos que se originam de uma fonte pontual de contaminação. Sua expansão é influenciada por fatores como o fluxo de água subterrânea, incluindo gradiente hidráulico, velocidade e tipo de recarga, bem como pela permeabilidade do solo e pela natureza e volume dos contaminantes.

Para estudos hidráulicos em poços de monitoramento, os piezômetros e os Indicadores de Nível de Água (INA) são ferramentas essenciais. Os piezômetros são empregados para medir a pressão da água e o nível do lençol freático, oferecendo informações cruciais sobre as variações do nível da água e ajudando a identificar possíveis fontes de contaminação. Já os Indicadores de Nível de Água (INA) permitem a medição direta e contínua do nível da água subterrânea, facilitando o monitoramento em tempo real das condições dos aquíferos.

Estações de Monitoramento da RIMAS

No Brasil, o monitoramento das águas subterrâneas ainda está em desenvolvimento quando comparado ao das águas superficiais. Desde 2009, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) estabeleceu a Rede Integrada de Monitoramento das Águas Subterrâneas (RIMAS) com o objetivo de monitorar as variações qualitativas e quantitativas das águas nos principais aquíferos do país, tanto no espaço quanto ao longo do tempo. Em 2020, a RIMAS abrangia 409 pontos de monitoramento distribuídos por 24 aquíferos em 20 unidades federativas. Os aquíferos com maior concentração de pontos são o Urucuia (79), Bauru-Caiuá (61), Amazonas (58) e Guarani (44).

Diretrizes para Construção de Poços de Monitoramento

• A construção de poços de monitoramento deve seguir as Normas Técnicas da ABNT, especificamente as NBR 15495-1/2007 e NBR 15495-2/2008.
• Essas normas definem os materiais adequados para a perfuração e as metodologias para coleta e análise de amostras de água.
• Em comparação com poços artesianos, poços de monitoramento geralmente possuem menor profundidade e diâmetro.
• A metodologia de perfuração evita o uso de fluidos que possam alterar a composição química da água, garantindo a precisão das análises.

Os poços de monitoramento são essenciais para a coleta de dados hidrogeológicos precisos, fundamentais para compreender o comportamento dos aquíferos e gerenciar contaminações de forma eficaz.

Para garantir resultados confiáveis, é fundamental que a construção siga as melhores práticas. Um projeto bem planejado deve reduzir custos, minimizar a perda de carga entre o poço e o aquífero e garantir durabilidade com materiais de alta qualidade, baseando-se em um estudo hidrogeológico detalhado.

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Referências:

Hirata, R., Suhogusoff, A. V., Marcellini, S. S., Villar, P. C., & Marcellini, L. (2019). As águas subterrâneas e sua importância ambiental e socioeconômica para o Brasil.

Relatório Pleno de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2021; ANA.

Hidrogeologia Geral: Principais Impactos e Monitoramento das águas subterrâneas; Coordenação de Águas Subterrâneas – COSUB Superintendência de Implementação de Programas e Projetos – SIP.